
O Crescimento do Empreendedorismo Sênior no Rio Grande do Sul
O empreendedorismo entre pessoas com mais de 60 anos tem se expandido significativamente no Brasil, especialmente no estado do Rio Grande do Sul. Este fenômeno não é apenas uma tendência passageira; está se consolidando como um movimento crucial para a economia local e nacional.
Dados Relevantes sobre o Empreendedorismo Sênior
Segundo o Relatório Técnico do Sebrae Nacional, a região Sul do Brasil se destaca nesse cenário, com 13% da população sênior atuando como empreendedores, o que representa a média nacional. Ao final de 2024, o Brasil registrou um número recorde de 4,3 milhões de empreendedores seniores, correspondendo a 14,3% do total de empreendedores no país. No Rio Grande do Sul, 14,6% da população acima de 60 anos está à frente de um negócio, evidenciando a relevância desse grupo na economia regional.
A analista de Competitividade Setorial do Sebrae RS, Ana Paula Rezende, enfatiza que o envelhecimento da população brasileira tornará esse grupo ainda mais significativo nos próximos anos. O perfil empreendedor dos seniores no estado é forte e representa uma contribuição importante para a economia local. Muitas pessoas acima de 60 anos continuam ativas profissionalmente, seja por meio de empreendimentos próprios ou buscando novas oportunidades no mercado de trabalho. Isso gera uma demanda crescente por consultorias, capacitação e espaços de coworking adaptados a essa faixa etária.
Histórias Inspiradoras de Empreendedores Seniores
Um exemplo notável desse movimento é Gladis Regina Silveira Ferreira, de 70 anos, residente em Porto Alegre. Ela representa a ideia de que nunca é tarde para começar um novo empreendimento. O que começou como um passatempo para preencher seu tempo se transformou em um negócio que combinou aprendizado, criatividade e uma rede fiel de clientes.
A ideia de Gladis surgiu um ano antes de sua aposentadoria. Durante suas horas livres, ela aprendeu a bordar em ponto cruz. Ao se aposentar, já estava equipada com uma máquina de bordar e uma de costura, pronta para iniciar uma nova fase da sua vida. No entanto, o começo não foi fácil. “Fui de professora para a confecção de bordados, sem nunca ter pegado em uma máquina de costura ou bordar”, relembra Gladis.
A internet se tornou sua grande aliada. Tutoriais e materiais online foram cruciais para que ela aprendesse a operar as máquinas e a criar moldes e matrizes. Mesmo sem investir em publicidade, seu negócio ganhou força através do boca a boca. As encomendas começaram entre amigos e, hoje, Gladis possui uma base sólida de clientes conquistados ao longo de 10 anos de trabalho. Para ela, mais do que gerar renda, empreender trouxe aprendizado e conexões valiosas. “O bom convívio com pessoas foi essencial. Fiz muitos amigos nesse processo”, destaca.
O conselho de Gladis para quem deseja seguir o mesmo caminho é simples e poderoso: “Descubra suas habilidades, mantenha a cabeça ocupada para não adoecer e não tenha medo de fazer o que gosta.”
Perfil dos Empreendedores Seniores
O perfil dos empreendedores seniores é diversificado, abrangendo diferentes níveis de escolaridade e áreas de atuação. A maioria possui ensino fundamental incompleto (38,7%), enquanto uma parcela significativa concluiu o ensino médio (21%) ou alcançou o ensino superior (20%). Os setores mais representativos entre os empreendedores seniores são:
- Serviços: 35,8%
- Comércio: 22,2%
- Agropecuária: 16,6%
A resiliência e permanência dessa faixa etária no mercado são impressionantes, com 89,7% dos seniores permanecendo em seus negócios por dois anos ou mais. Embora 71% ainda atuem na informalidade, o rendimento médio mensal dos empreendedores seniores é de R$ 3.516, superando a média nacional de R$ 3.477, o que reforça a importância desse público para a economia brasileira.
Apoio ao Empreendedorismo Sênior
O Sebrae RS tem se empenhado em ampliar o apoio ao empreendedorismo sênior, especialmente na formalização de negócios por meio do MEI (Microempreendedor Individual), no acesso a capacitações e consultorias, e na promoção da inclusão de públicos mais vulneráveis, como mulheres e negros, no ecossistema de negócios. Ana Paula Rezende destaca que o empreendedorismo sênior é marcado por uma maior experiência de vida e de mercado, o que frequentemente se traduz em negócios mais sólidos e duradouros.
O desafio atual é aumentar a diversidade e fortalecer a formalização desses empreendimentos, garantindo que esse segmento tenha acesso a políticas públicas, crédito e inovação. O futuro do empreendedorismo sênior no Brasil parece promissor e cheio de oportunidades.
Observação Importante: As informações aqui apresentadas não substituem a avaliação ou o acompanhamento profissional. Sempre consulte um médico ou especialista em saúde para orientações personalizadas.
